Perdoou quem lhe matou os filhos

Perdoar o assassino de um filho é algo impensável para a maioria das mães, como o foi durante muitos anos para Débora

Débora e o marido estiveram durante muito tempo envolvidos com o tráfico de drogas e práticas fraudulentas.

“Tínhamos uma ‘boca’ de drogas que existiu durante mais de 30 anos e, devido a essa situação, fui presa cinco vezes.”

Com o passar do tempo, os filhos também acabaram por se envolver com o crime e foi por causa disso que o filho do meio, com apenas 18 anos, foi assassinado.

“Houve um tiroteio e ele e eu fomos baleados, mas ele não sobreviveu”.

A bala entrou na nuca de Débora, próximo do seu ouvido e, por causa disso, a partir daquele dia, não conseguia mais ouvir bem, nem mexer o pescoço normalmente.
Débora já tinha sentido a dor de perder um filho ainda bebé, que faleceu devido a problemas de saúde. Mas, agora, a dor de ver outro filho morrer ao receber um tiro era bem mais difícil de ser superada. Por isso, o único pensamento de Débora era a vingança.

“Eu não sabia quem era, mas queria entrar na favela e pôr fogo em tudo, porque tinha ódio de todos.”

Dez anos depois, o filho mais velho também foi assassinado, o que fez o ódio e a revolta de Débora aumentarem ainda mais. Sentimentos que Débora alimentou durante muitos anos, até ser presa pela última vez.

Verdade que liberta. Da janela da cela do presídio onde estava, Débora viu alguns voluntários da IURDl e pediu para que lhe dessem um jornal Folha Universal.

“Joguei a corda e amarraram o jornal. Comecei a ler e, naquela noite, através de uma mensagem, o Senhor Jesus disse-me que a única coisa que me podia libertar era conhecer a Verdade”.

Quando saiu da prisão, Débora decidiu entregar-se a Deus.

“Corri para Igreja e contei a Deus tudo o que me magoava. Nesse instante, entendi que a Verdade que Jesus me tinha dito correspondia ao Espírito Santo. Mas, para recebê-Lo eu precisava perdoar”.

Então, decidiu perdoar os assassinos, o ex-marido e também a si mesma. Ao participar de uma Vigília na Universal, recebeu o Espírito Santo.

“Quando liberei o perdão, não chorei mais a morte dos meus filhos e senti um gozo na alma.”

Não somente as feridas internas foram cicatrizadas, mas também as do corpo.

“No dia em que perdoei os assassinos dos meus filhos voltei a ouvir normalmente e a mexer o lado da cabeça onde tinha levado o tiro”.

Débora Cristina Sampaio