Perícia da PJ abala versão das mães biológicas

Negaram ter assinado qualquer tipo de autorização para que os seus filhos fossem dados para a adoção, mas a Polícia Judiciária (PJ), após peritagem, concluiu que as rubricas são muito provavelmente das progenitoras

Segundo notícia veiculada pelo jornal Correio da Manhã, após uma análise feitas às assinaturas das mães biológicas pela Polícia Judicária, a conclusão foi de que as mesmas terão, de facto, assinado documentos a autorizar as adoções dos filhos há cerca de 20 anos.

A perícia concluiu que as letras são muito provavelmente das progenitoras, resultados que abalam a veracidade da versão das mães biológicas, as quais garantem nunca ter assinado qualquer documento a autorizar a adoção ou a cedência da guarda dos filhos.

A peritagem das rubricas, que ficou a cargo do Laboratório de Polícia Científica da PJ, foi realizada no contexto do processo que investiga as alegadas anomalias nas adoções no antigo lar da Igreja Universal, em Lisboa.

MÃES EM CHEQUE.

“Maria” e “Clara”, mães biológicas dos três irmãos Vera, Luís, Fábio e dos irmãos Pedro e Filipe, respetivamente, nos exames de identificação da escrita, ou seja, à sua letra e assinatura, foi dado como “muitíssimo provável” que a escrita seja de “Maria” e “muito provável” que a caligrafia seja de “Clara”.

Todavia, no decorrer das reportagens que foram para o ar na TVI, as suas afirmações foram categóricas: “Nunca assinei nada! NUNCA! Nunca ninguém me procurou para assinar um papel ou fosse o que fosse…”, referiu “Clara”, quando questionada no âmbito de a sua assinatura constar na Declaração de Consentimento Prévio, documento que daria a sua autorização para que as crianças fossem adotadas. “Alguém o fez por mim, mas eu não fui… sinto-me enganada e roubada”, alegou, indicando o desaparecimento do seu bilhete de identidade em casa da sua mãe na altura, como parte de um suposto plano para lhe tirarem os filhos.

Ambas sempre afirmaram nunca terem assinado qualquer documento onde estariam a abdicar dos seus direitos, dando os seus filhos para a adoção, versão que veio agora a ser colocada em causa pelos resultados da perícia da PJ.

“MUITÍSSIMO PROVÁVEL”.

A PJ concluiu ser “muito provável” que a assinatura seja da sua autoria. O mesmo acontece com outra assinatura numa procuração forense com a mesma data. Tanto a procuração como o requerimento foram comparados com documentos atuais, entre eles uma recolha de autógrafos.

Quanto a “Maria”, as suas assinaturas num aviso de receção dos CTT (relativo a um documento enviado pelo Tribunal de Família de Lisboa) e num requerimento dirigido ao 3.º Juízo do Tribunal de Família e Menores da Comarca de Lisboa foram consideradas da sua autoria, de forma “muitíssimo provável”. Os documentos, datados de 2000, também foram comparados com outros, mais atuais – incluindo um auto de recolha de autógrafos. No requerimento, a mãe vem prestar informações ao processo de adoção dos filhos que corria termos no Tribunal de Família e Menores de Lisboa.

Numa escala de 1 a 11, a assinatura de “Clara” foi colocada no grau 3 de certeza científica e a de “Maria”, no grau 2 – sendo 1 a “probabilidade próxima da certeza científica”.

Perante os resultados da peritagem, a Igreja Universal do Reino de Deus terá requerido que os resultados dos testes às caligrafias das mães fossem adicionados aos autos de um processo-crime instaurado contra uma das mães biológicas.