Sentença de morte aos 22 anos

Perante um prognóstico de morte dado pela medicina e o abandono do seu noivo, Deolinda escolheu lutar pela vida

“Estava noiva e tinha o sonho de ter uma família. Porém, a dada altura, senti uma dor muito forte e fui ao médico, que me diagnosticou um tumor nos ovários, tinha eu apenas 22 anos. Segundo a medicina, não havia muito a fazer e foi assim que vi os meus sonhos desmoronarem-se. Perdi a vontade de viver e não conseguia compreender o motivo do que me estava a acontecer. Não tinha ideia do que era o cancro, até que cheguei ao Instituto Português de Oncologia e ouvi uma equipa de médicos dizerem-me que o meu caso era muito grave.”

DESESPERO

“Não conseguia pensar, nem sequer agir, pois não tinha forças para nada. No início, os médicos diziam que tudo tinha solução, mas, no decorrer dos tratamentos, vi que não havia melhoras. De cada vez que era internada e fazia exames, tinha de ser submetida a novos tratamentos. Estava desesperada, pois via jovens, como eu, a assinarem termos de responsabilidade para irem para casa, pois os tratamentos eram muito dolorosos e agressivos.”

SEM FORÇAS

“Tive apoio dos meus pais e de amigos, mas o meu noivo disse que não podia continuar comigo. Fiquei ainda mais desesperada, pois a pessoa com quem mais contava foi aquela que me deixou. Viver ou morrer, para mim era igual! Como via muitas pessoas a morrer à minha volta, pensava que também esse seria o meu fim. Cheguei ao ponto de vomitar sangue e já não ter forças. Nunca tive coragem, mas a minha vontade era acabar com tudo.”

RENOVAÇÃO

“Um dia, ouvi na rádio um convite para ir à Universal. Decidi tentar, pois já não havia mais solução para mim. Cheguei à Igreja no limite, cansada dos tratamentos, das cirurgias, sem cabelo e envergonhada, pois as pessoas olhavam para mim como se tivesse uma doença contagiosa. Logo no primeiro dia, recuperei a esperança e a força para lutar. Comecei a colocar a minha fé em prática e, passados dois meses, estava curada! Um médico veio ter comigo e disse-me: ‘Parabéns, está curada!’.

Depois disso, conheci outra pessoa, que hoje é meu marido. Os médicos diziam que, devido aos tratamentos, não poderia ter filhos, mas hoje tenho três. Fiquei livre de tudo e, hoje, quando olho para trás, nem parece que fui eu que vivi toda aquela experiência.”

Deolinda Coelho

Fonte: Folha de Portugal