Viver e envelhecer na prisão

Portugal tem cerca de 14 mil reclusos, ou seja, 140 reclusos por cada 100 mil habitantes, população prisional essa que se encontra a envelhecer

O Relatório sobre o Sistema Prisional e Tutelar, intitulado “Olhar para o futuro para guiar a ação presente/Uma estratégia plurianual de requalificação e modernização do sistema de execução de penas e medidas tutelares educativas 2017/2027”, divulgado pelo Ministério da Justiça, revela que o nosso país tem 140 reclusos por cada 100 mil habitantes e que a idade média da população prisional está a subir, rondando os 39,7 anos.

O mesmo relatório indica ainda que a população prisional apresenta baixos níveis de qualificação académica, visto que, à entrada no sistema prisional, mais de metade dos reclusos não tinha chegado ao 3º ciclo do ensino básico, altura em que se cumpre a escolaridade mínima obrigatória.

Entre os crimes mais praticados entre a população reclusa surgem, em primeiro lugar, os cometidos contra o património (roubo e furto); em segundo, contra pessoas (homicídios e ofensas contra a integridade física); e em terceiro, os relativos a estupefacientes (tráfico).

UNP. O grupo Universal nos Presídios (UNP) realiza um trabalho social e de evangelização com o intuito de levar auxílio espiritual, moral e apoio material que atenda às necessidades básicas, não apenas dos reclusos e reclusas, mas também dos seus familiares e dos guardas prisionais. Os voluntários, pastores e bispos levam fé e motivação aos encarcerados através da Palavra de Deus, doando publicações cristãs e exemplares da Bíblia, distribuindo kits de higiene e colaborando com a doação de alimentos e serviços de saúde e bem-estar. Como resultado, mudanças de comportamento e de vida significativas têm acontecido entre os reclusos.

Fonte: Observador e Universal

Recentemente liberto da prisão, quatro anos antes do final da pena, fala de como o grupo Universal nos Presídios o ajudou dentro do cárcere. Desde agosto de 2017 que Joaquim fazia parte de um grupo de reclusos que assistia todas as quintas-feiras, dentro do Estabelecimento Prisional do Linhó, às reuniões aí realizadas pela IURD, tendo aceite o Senhor Jesus como Salvador e reconhecido que Deus o abençoou com a liberdade.

Joaquim Pereira foi preso por tráfico de droga, condenado a 16 anos de prisão e 10 anos e meio de pena efetiva, acabando por cumprir apenas seis anos e oito meses

Pr Francisco Silva: Como foi a vida dentro da prisão?
Joaquim Pereira: A vida dentro da prisão foi muito difícil e, se não tivermos o apoio da família ou de amigos, é mesmo muito complicado. Passei por algumas humilhações e houve vezes em que fiquei sem comer.

P. F. S.: Tinha visitas de familiares e amigos?
J. P.: Sim, mais da família e de um ou dois amigos. Se não fosse esse apoio, não sei se aguentava esse tempo todo.

P. F. S.: A assistência espiritual da IURD nas prisões ajudou-o?
J. P.: Sim, ajudou-me bastante.

P. F. S.: Durante quanto tempo recebeu essa assistência?
J. P.: Comecei em agosto. Aceitei Deus na minha vida e a partir daí surgiu a paz, o caminho abriu-se e tudo começou a correr bem. Desde que me entreguei a Deus, através deste trabalho de assistência espiritual da IURD, tudo começou a dar certo para mim. Parei com a droga, larguei as confusões e comecei a sentir uma paz enorme dentro de mim. As precárias começaram a vir logo e o melhor de tudo foi a antecipação dos dois terços que foi a liberdade condicional. Saí a 15 de fevereiro e Deus fez um milagre, pois ainda me faltavam quatro anos, tinha de ficar preso até 2022.

P. F. S.: Qual tem sido a sua maior dificuldade depois de sair da prisão?
J. P.: A minha maior dificuldade é não arranjar trabalho para poder dar o melhor para as minhas filhas. Mas, acredito que Deus vai-me abrir as portas, assim como fez na prisão.
P. F. S.: O que representa a IURD para si?

J. P.: Representa tudo, pois foram eles que me apresentaram a Deus, que me ajudaram e onde tudo mudou! Se fosse para vencer sozinho, não conseguiria. Mas, desde que recebi o vosso apoio espiritual e a vossa ajuda, esta fez-me ter fé e acreditar que podia realmente mudar.

Fonte: Folha de Portugal